Faleceu na noite desta quarta-feira o seresteiro e reserva moral de Bacabal, Walter Corrêa.
Em um número musical para homenagear a cidade de Bacabal. Walter Corrêa, um dos grandes boêmios do Maranhão, com letra de Oswaldo Eurico Teixeira Mendes e Vadoca.
Sobre Walter Corrêa, o jornalista Abel Carvalho em seu blog. escreve o texto "Calou-se A Voz: Bacabal perde Walter Campos Corrêa, o Macalé"
Esse vídeo que você está vendo aí foi produzido por mim como uma mensagem de final de ano para a antiga e boa TV Difusora de Bacabal. a data, o ano pouco importa. O que importa é que durante o seu período de exibição ele provocou um fato que me chamou a atenção é que agora eu narro aqui.
Walter Corrêa, o protagonista, me encontrou pelas bandas da Casa Pimenteira, ou simplesmente o Gramixó, me chamou para um canto e me falou: - Abel eu estava fazendo compras no mercado com Iolete e uma menininha ia passando com a sua avó e ficou me olhando, me olhando... passou por mim ainda me olhando, a avó dela puxando ela pela mão e ela virando e me olhando. Depois ela puxou a avó pela mão, parou e disse: vovó olha o artista. É ele quem canta aquela mensagem na TV.
Walter finalizou emocionado e entre lágrimas e sorrisos: - Abel essa foi a primeira vez que me chamaram de artista.
Eu também sorri. Chorei depois, mas em casa.
E era isso que Walter Campos Corrêa, o Macalé, era, um artista, embora tenha se escondido por toda a vida usando como disfarce o manto da boemia.
Artista porque trazia consigo o dom de saber viver, o viés do artista da bola, o viés do artista plástico, o viés do bom vendedor, o viés do trabalhador pai de família e o viés da boemia que lhe permitia sustentar e esconder todos esses dons.
Hoje Bacabal perde tudo isso e perde mais: perde um grande pedaço da sua ainda insípida história. Macalé era um homem preocupado com as “coisas” de Bacabal. Foi por isso que nos unimos na produção do clip acima. A ideia inicial era apenas regravar a música Bacabal a rainha do sertão, de autoria do seu Vadoca e outro bacabalense proeminente, mas também desconhecido chamado Osvaldo Eurico.
Foi difícil encontrar o vinil. Quem acabou me salvando foi o próprio Walter. Fomos gravar o áudio no estúdio do Rodrigo, do Judson e do Tiago. Deus colocou a sua mão, o estúdio tinha o forro acústico no tom azul. Mudamos a ideia, gravamos tudo em vídeo e o resultado é esse que você vê aí em cima.
Hoje eu conto essa estória aqui para saudar um grande artista, um grande homem tão desprestigiado e esquecido quanto os muitos que amaram essa terra, trabalharam por ela e já se foram.
Conto para fazer história, a história de Bacabal e a história de Walter Campos Corrêa, o Macalé, A Voz, ou, simplesmente... O Artista.
Hoje eu vou andar por aí meio sem rumo, lançar mãos dos meus últimos trocados, passar - sem entrar -, na porta da sua casa, parar e beber alguma coisa em frente a antigos locais como o Barão de Tefé, o Veleiro Bar, o Palhoção e a Graça Rocha - Restaurante Colonial -, quem sabe assim eu talvez consiga a voltar a ouvir A Voz, a voz de Walter Corrêa.
Blog do Louremar
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