Nascido no (hoje em ruínas) hospital Santa Terezinha, em Bacabal, Louremar Vieira Alves, tem o postiço sobrenome 'Fernandes' por causa do jornalista e blogueiro Abel Carvalho. “Eu estava na Mirante FM, onde havia um jornalístico espetacular, o Mirante Notícias. Eu era repórter e estava para a rua, quando precisaram grafar meu nome e ninguém sabia o sobrenome. Então o Abel resolveu dar o pitaco de que colocassem Fernandes, uma vez que todo radialista com um 'Fernandes' no nome, era sinal de competência. Foi por aí. Relata.
Louremar que é licenciado da Policia Militar do Maranhão e hoje edita o site louremar.com.br e cursa Direito, na UNDB, é pai de 3 filhos, um está concluindo Biologia, na Uema, outro cursa Sistemas de Internet e o mais novo ainda está no Ensino Fundamental, estudou no Colégio de Nossa Senhora dos Anjos, graças à determinação e esforço dos seus pais em conseguirem bolsas de estudo para manterem cinco filhos na melhor escola que já houve no interior do Maranhão.
De uma bela infância, diferentemente da de hoje, onde faltam campos de futebol ( como o campo do rato, campo da coceira, campo da barroca, campo do ginásio, maracalama). de muitas brincadeiras e de relacionamento entre as pessoas, vê a tecnologia e o medo tornaram as crianças um pouco isoladas. “Convivem em bandos cibernéticos, mas fisicamente isoladas cada um no seu canto” - diz.
Louremar trabalhou desde os 16 anos em um jornal em Bacabal. A professora Rildete o conduziu para o amigo Aluizio Paiva, onde aprendeu, com a experiência do Aluizio, com o arrojo do Jota Erry para matérias policiais, com o carisma da Icemir Castro que também era da equipe, a ser o profissional que hoje é. “Um dia Jota Erry me perguntou se tinha coragem de ir ao bairro Mangueira fotografar uma boca de fumo. Lá fomos nós bater foto da casa de uma traficante chamada Glorinha, de bicicleta. Pense numa coisa sem futuro, ainda mais que saimos de lá na maior velocidade com medo de algum mala ter visto” relata.
Do jornal, Louremar foi para a Mirante FM, conviver com a turma que fez a melhor rádio do interior do Maranhão, com música, jornalismo, eventos. Era uma equipe composta por Abel Carvalho, Zé Lopes, Paulo Campos, Perboire, Jota Erry, Marcelo Leite, Cláudia Castro, Sérgio Matias,depois chegou o Osvaldo Maia, Vale Neto.“Com essa turma aprendi muito. Depois cheguei a editar um jornal impresso com o Paulo Campos, poucas edições. Quando a TV Maranhão Central, do Joaquim Haickel passou a ser afiliada da Globo, eles montaram um escritório em Bacabal. O Abel formou uma equipe e me levou para aprender a fazer esse jornalismo de televisão, com Agostinho Araújo e Rogério Santos. Eu não sabia nem pra que lado ia, mas como ele apostou em mim, lá fomos nós. O Rogério ainda permaneceu um bom tempo na profissão, chegamos a formar uma equipe quando saí da Mirante, composta por ele, o Cláudio Cant ( que ainda tinha uma vasta cabeleira que ele tinha muito ciúmes dela) e o Sérgio Matias”Enfatiza.
A experiência na TV Maranhão Central de Santa Inês, depois serviria para outros projetos. Louremar foi coordenador por um tempo da TV Mearim, quando era propriedade do amigo Edmilson Filho, que hoje tem a Gráfica Dimensão. Depois ingressou na PM, onde tem vários amigos e onde pode ver como tem dezenas de pessoas que só faltam dar a vida pela profissão.“Não falo do perigo não, falo mesmo do empenho, da determinação em trabalhar diante da falta de estrutura. Passei muitos anos sem trabalhar na imprensa, até que fui convidado pelo Clécio e pelo Misael para montar a TV Nova Esperança/Record, formei a equipe juntamente com o Josi de Castro e fiquei lá por dois produtivos anos. Tempo suficiente para fazer da TV um bom produto e para darmos oportunidade pra algumas feras que começaram por lá, como o Randyson Laércio e o Fábio Costa, que hoje é um profissional de mão cheia na TV Mirante”,Reitera.
Louremar explica que só há três coisas para se fazer nas horas de folga: bater papo com amigos; estar com os filhos e ler um bom livro. “Gosto muito de ler, sempre dois livros, de preferência. Quando você cansa de um, descansa lendo o outro. E todos esses programas, sempre ouvindo uma boa música. A bem da verdade boa música hoje eu só consigo ouvir em casa ou no restaurante Colher de Pau, da amiga Janete. Porque é difícil você ouvir MPB, onde se anda ou é axé ou forró, quando sai desses dois gêneros, cai no sertanejo. Não tenho nada contra, mas poucas músicas passam no controle de qualidade”, frisa ele, que também é compositor, foi parte fundamental na formação do Boizinho Bacaba e do Grupo Regional Os Lamas..
ENTREVISTA 10
01 - Blog do Zé Lopes –É comum nos filhos de Bacabal, saírem para estudar e depois voltarem para ingressar na política. O senhor está atualmente, cursando direito em São Luis. Bacabal pode esperar um Louremar na politica ?
Louremar Fernandes - Não. Esse tempo de aspirar um lugar na política já passou. Primeiro que não contaria com os amigos para um projeto político sério. As pessoas pensam de forma diferente quando se fala em política. A nossa geração foi criada para idolatrar os políticos, ainda vemos muito disso. E não se idolatra aquele que é um dos nossos. Daí se extrai aquela máxima de que ‘pobre não vota em pobre’.
02 - Blog do Zé Lopes –O senhor é um homem da comunicação, já passou por jornais, rádios, revistas e agora tem um blog que é um dos mais lidos do estado. Por escrever com a verdade é perseguido. Como comunicador, o que o senhor mais teme?
Louremar Fernandes - O que um comunicador mais teme na vida é não ser ouvido. Assim é com aquele que escreve, seu maior temor é não ser lido. Quando a ser perseguido isso é consequência. Principalmente os políticos, esses não gostam de críticas. O político não liga pra elogiar quando você fala bem dele. Mas ele te acha para reclamar de alguma publicação que não seja favorável, já tenho experiência. Alguns ameaçam fazer e acontecer, também já tenho experiência nisso. A última mesmo foi do Roberto Costa, esse que é deputado estadual. Uma vez publiquei que ele não pagava em dias os funcionários dele na TV Difusora de Bacabal e ele ficou uma fera que ia fazer e acontecer. Não vou entrar em detalhes porque há pessoas que não gostaria de citar nesse episódio, mas para os amigos mais próximos já contei o que sucedeu depois.
03 - Blog do Zé Lopes –O senhor tem uma linha muito particular de escrever, não faz oposição a ninguém, se tiver bom, o senhor elogia, se tiver ruim, o senhor critica. Qual o sentido de dar os dois lados da noticia?
Louremar Fernandes - É uma obrigação você ser justo. Ser parcial não é ser injusto. Sempre temos algum lado que nos é simpático, seja na política, seja em qualquer contexto. Mas na hora de escrever é bom que a gente procure dar chance a todos. Isso deveria ser mais praticado nas emissoras de rádio e televisão, que são concessões públicas. O blog é uma coisa pessoal, eu posto o que eu quero, como quero e quando quero, mesmo assim há um dever ético de publicar somente aquilo que é verdade, de forma respeitosa principalmente para com o leitor.
04 - Blog do Zé Lopes –em nossa conversa, o senhor me disse que existem muitos blogs, mas que poucos são lidos. Existe um segredo para tantos acessos?
Louremar Fernandes – O segredo é você gostar de escrever. É preciso mostrar um certo dinamismo, publicar algumas matérias no momento que acontecem, pra isso você precisa de boas fontes nas mais diversas esferas. Essa rede de informantes a gente só consegue formar com seriedade e o compromisso de não expor a fonte. Se temos boas fontes, temos bons “furos”, são aquelas matérias em que você sai na frente na hora de publicar. A pessoa te liga e diz o que vai acontecer antes que o fato aconteça ou então manda um torpedo, um zap zap (riso) falando sobre algo que pouca gente sabe. Pronto, a receita é esta. O leitor se identifica com o seu trabalho e se torna assíduo no acesso ao blog, esse leitor um dia sente vontade de contribuir e se torna também uma fonte em determinado momento.
05 - Blog do Zé Lopes – O senhor, apesar de não “militar” na política, vive cercado de políticos. Como filho de Bacabal, como o senhor avalia a atual situação da cidade e a gestão Zé Alberto?
Louremar Fernandes - Bacabal é uma cidade que não apresenta esperança para os seus filhos. As pessoas que vivem em Bacabal, estão vivendo apenas, sem vislumbrarem um futuro para a cidade. Não há uma política nem de crescimento econômico, muito menos de desenvolvimento, que são coisas bem distintas. Não se tem saúde, não se tem um transito organizado. E isso é até conveniente para os políticos, porque quando fazem algo, apresentam aquilo como se fosse um favor. Logo, o cidadão, para mostrar gratidão pelo favor, deve dar o seu voto em troca na próxima eleição.
Sobre o prefeito, o pecuarista Zé Alberto viu, de uma hora pra outra, que no contexto político da cidade ele poderia se tornar prefeito.Encarou o senador João Alberto, se elegeu e está aí sendo o prefeito. Gostaria que ele estivesse administrando a cidade, mas está apenas sendo o prefeito.
06 - Blog do Zé Lopes – temos aí, teoricamente três deputados federais, Zé Vieira, Zé Alberto Filho, Simplicio Araújo, um estadual, Carlinhos Florêncio, e outro bacabalizado, Roberto Costa, um senador, João Alberto, um secretário de turismo, Jura Filho. Na teoria, ou seja, nos meios de comunicação, o que é veiculado, é que Bacabal está uma maravilha, mas na prática, a situação é outra. O senhor não acha que é muito poder para tão pouca ação?
Louremar Fernandes - Essa é a ideia dessa turma. É a filosofia do quanto menos somos, melhor passamos. O João Alberto foi um dia um contestador em Bacabal. No tempo em que rádio pirata dava cadeia, ele era o fomentador de uma em Bacabal. Com a morte de Dr. Coelho e a oportunidade de ele ser um líder político, passou às mesmas práticas que ele combatia e de forma piorada. E assim sobreviveu politicamente. Hoje ele apresenta o filho João Marcelo como candidato a deputado. Durante toda a sua infância e juventude ele não se preocupou em conhecer a cidade que votava no pai dele, passou a frequentar Bacabal nos últimos dois anos, mas deve se eleger e na próxima eleição se candidata a prefeito e segue em frente. Roberto Costa é secretário de João Alberto e do grupo político ao qual pertence, não tem vida própria, faz o que lhe mandam fazer, diz o que é conveniente para o seu grupo. Simplício Araújo saiu de Bacabal para tentar a vida em Pedreiras, depois em São Luis. Tem o sonho de ser prefeito de Pedreiras, Bacabal está fora dos planos dele há muito tempo. Falo sobre planos de ação, porque planos eleitoreiros ( de captar votos) todos tem interesse na cidade. Zé Vieira tá em fim de carreira política, candidatou a esposa e deve elegê-la. Carlinhos Florêncio foi omisso dos problemas da cidade durante seu mandato de deputado e agora tenta a reeleição em dobradinha com o filho que conseguiu eleger como vereador. Essa turma quer ampliar a participação na política? não quer. A maior evidencia é essa, quando falam em renovação, é pai candidatando filho ou esposa.
07 - Blog do Zé Lopes – O senhor prestou assessoria para o BEC – Bacabal Esporte Clube, viveu de perto todos os momentos. Diante do que o senhor viu, qual o futuro do nosso futebol?
Louremar Fernandes - Foi uma experiência muito boa. Falei pra turma da diretoria que teríamos que manter sempre a transparência e isso foi cumprido até o ultimo momento. Era uma turma de amigos, alguns aceitaram fazer parte da diretoria de forma equivocada. Quando viram que não seria o BEC do tempo do prefeito Lisboa, onde o dinheiro jorrava então foram se afastando. Restou um pequeno núcleo. Um dia, em uma das críticas que fiz à administração do prefeito de Bacabal, um leitor comentou que eu deveria ter cuidado. Disse ele:”você tá procurando perder essa boquinha no BEC” (gargalhada). O caso até hoje é motivo de chacota. Será que essa pessoa pensava mesmo que a minha participação era por dinheiro? Eu participei como amigo da turma e para dar a minha contribuição, já que eu tinha criticado tanto. E deu certo, enquanto o BEC teve ajuda. Roberto Baresi passou do ponto de entregar o comando do BEC, mas não o culpo. Ele tentou fazer o melhor e não teve receptividade, principalmente do prefeito de Bacabal que poderia ter ajudado o time. Fui contra quando o ex-prefeito Lisboa injetava rios de dinheiro no BEC, sou contra isso. Quando falo em ajudar é algo sensato, algo que toda empresa e instituição faz, publicidade. Ajudar é cumprir compromissos, é ser inteligente pelo menos para divulgar a administração. Nos últimos anos, a única vez que uma cidade do Maranhão apareceu de forma produtiva em programas nacionais, como o Fantástico, foi através do futebol. Bacabal apareceu duas vezes no Fantástico, uma com o carro limpa-fossas que apagava incêndio, outra vez nos gols do Fantástico, como BEC.
Sobre o futuro, não posso dizer. Vejo algumas pessoas se movimentando, algumas até que estão banidas do futebol, não deveriam nem entrar num estádio. O certo é que sem planejamento e sem ajuda da Administração Pública você não faz nada. E você convencer o atual prefeito a investir em esporte é meio complicado.
09 - Blog do Zé Lopes – Como o senhor gostaria que Bacabal tivesse hoje?
Louremar Fernandes - Bacabal já tem idade suficiente para ser uma cidade estruturada. Não se tem um plano diretor, não se tem nada. Cada prefeito que entra faz do jeito que bem entende. Não há planejamento. Ainda vivemos no tempo em que a Administração aluga prédios para funcionar suas secretarias. E aluga de quem? Dos aliados políticos. Por aí você vê em que ponto estamos. Eu, como você e como os leitores, gostaríamos de uma cidade de verdade. Os políticos mantem o povo numa ilusão de que a cidade tem crescido, quando esse crescimento só existe na periferia. Cresce a população, cresce a miséria, cresce a violência.
10 - Blog do Zé Lopes – Quem é realmente esse Louremar Fernandes?
Louremar Fernandes - Um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco (risos), sem parentes importantes. Uma pessoa que procura dar uma pequena contribuição para que o povo pense um pouco. Para que as pessoas formem um pensamento crítico em torno da vida que levam. Mas veja: as pessoas tem medo de curtir, no Face, matérias polêmicas. As pessoas tem medo de se identificar quando comentam no blog. Por um tempo eu mantive a possibilidade de comentários anônimos. Este ano restringi isso, acho que tá na hora de quem quiser criticar, se identificar. Já passamos do tempo do medo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário