Em depoimento prestado à Polícia Federal na última quarta-feira e tornado público nesta sexta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não participava do processo de escolha dos diretores da Petrobras durante o seu governo. Lula disse que os nomes para as diretorias da estatal eram decididos em acordos políticos e que cabia à Casa Civil, chefiada na época por José Dirceu, preso na Lava Jato, “receber as indicações partidárias e escolher a pessoa que seria nomeada”.
Segundo Lula, apenas depois desse processo ele concordava ou não com o nome, a partir de “critérios técnicos”. O ex-presidente, no entanto, afirmou que as nomeações de José Eduardo Dutra para a presidência da Petrobras e de José Sérgio Gabrielli para a diretoria Financeira e, posteriormente, para a presidência foram indicações pessoais suas.
O ex-presidente foi ouvido na condição de “informante” em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar suposta formação de quadrilha por políticos de PP, PT e PMDB para desviar recursos da Petrobras.
No depoimento, os investigadores citaram as acusações feitas por delatores da Lava Jato de que o Partido dos Trabalhadores recebeu dinheiro do esquema do petrolão. Confrontado com as inúmeras denúncias, o ex-presidente se limitou a afirmar que os delatores Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Ricardo Pessoa apenas buscavam “obter benefícios concedidos pela colaboração premiada” com as acusações.
Bumlai – Questionado sobre José Carlos Bumlai, Lula afirmou que conheceu o pecuarista durante a campanha para a eleição de 2002 e admitiu ter uma “relação de amizade” com ele. O ex-presidente disse ainda que hospedou Bumlai “algumas vezes” na Granja do Torto e que o indicou para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, mas afirmou que jamais tratou sobre “dinheiro ou valores” com o pecuarista.
Segundo os investigadores da Lava Jato, Bumlai integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000 e a concessão de um empréstimo fictício para lavar propina que seria encaminhada ao PT. Em depoimento à PF, o amigo de Lula admitiu que tomou o empréstimo para repassar os valores ao PT.
Petrolão – No depoimento, o ex-presidente também alegou que não tinha conhecimento do esquema de corrupção que sangrava a estatal durante o seu governo e que não acredita que “os principais partidos da base aliada tenham, através de suas principais lideranças, obtido vantagens indevidas a partir dos contratos das diversas diretorias da Petrobras”.
Indagado sobre membros de seu governo investigados na Lava Jato, Lula atribuiu essa situação a três fatores: o “aprimoramento dos órgãos de fiscalização”, a imprensa livre e a “criminalização do PT”. Por fim, o ex-presidente defendeu João Vaccari Neto, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e disse que ele “fez um excelente trabalho à frente da Tesouraria do PT”.
Veja.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário