Os tucanos maranhenses – ou pelo menos os mais identificados com o partido – têm data e local marcados para colocar ponto final da sua aliança com o governador Flávio Dino (PCdoB), assumir a condição de adversário e lançar um candidato ao Governo do Estado. Será o dia 2 de outubro, em Brasília, quando o comando do tucanato nacional se reunirá para o ato de filiação por meio da qual o senador Roberto Rocha retornará ao partido, agora condição de candidato ao Palácio dos Leões. A reunião será o grande desfecho de uma guerra interna travada pelo vice-governador Carlos Bandão, que preside o partido e o vinha mantendo na aliança liderada pelo PCdoB, e o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, que defende o partido com rumo próprio ou construa uma aliança com seus aliados no plano nacional, como o PMDB e o DEM, por exemplo. Os chefes tucanos querem fazer da filiação de Roberto Rocha um ato de grande envergadura e repercussão, uma demonstração de que pretendem dar à disputa pelo Governo do Maranhão o mesmo peso que em estados onde o PSDB tem chance de chegar ao poder.
O projeto de candidatura do senador Roberto Rocha se encaixa com precisão no projeto desenhado pelo ex-prefeito de Imperatriz e outros tucanos de proa incomodados com a relação com o PCdoB, como o grupo que era liderado pelo ex-governador Joao Castelo. A mudança de rumo coloca em suspense a posição de outra liderança de peso, como o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, que vem mantendo uma boa relação com política e institucional com o governador Flávio Dino. E contraria outras correntes tucanas, como a representada pelo deputado Sérgio Frota e a que tem como líder o deputado estadual licenciado Neto Evangelista. E pode resultar também num processo de emagrecimento da agremiação, se confirmada, como previsto, a saída do vice-governador Carlos Brandão, que poderá ser seguido por pelo menos metade dos 29 prefeitos eleitos pelo partido no pleito do ano passado.
Do ponto de vista exclusivamente político, a candidatura do senador Roberto Rocha, se vinda à tona com o aval explícito da cúpula nacional como um projeto do partido, e não como uma aventura pessoal do senador, ganhará o peso de “terceira via” na corrida sucessória maranhense, se levada em conta a possibilidade de o Grupo Sarney vier a lançar um candidato, que em princípio será a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Se por alguma razão política, eleitoral, jurídica ou de foro pessoal Roseana Sarney não entrar na briga, Roberto Rocha poderá ganhar musculatura política para assumir a condição de “segunda via”, para tornar-se o principal, adversário do governador Flávio Dino. Podendo até, numa hipótese remota, se tornar, por força de acordos entre as forças que sustentam o presidente Michel Temer, vir a ser apoiado pelo Grupo Sarney.
A se confirmar o ato marcado para o dia 2 de outubro – a data foi definida a pedido do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que faz questão de estar presente -, o senador Roberto Rocha abrirá a corrida sucessória como o primeiro candidato ao Governo do Estado lançado por seu partido, o que lhe dá uma vantagem respeitável em matéria de pré-campanha. Rocha terá tempo terá tempo para articular uma rede de apoio nas mais diversas regiões, a exemplo da Região Tocantina, onde começa com dois líderes fortes em Imperatriz, os ex-prefeitos Sebastião Madeira e Ildon Marques, e na Região Sul, onde já teria o apoio declarado dos ex-prefeitos de Balsas, Francisco Coelho e Luis Rocha Filho, e em São Luís, onde há grupos remanescentes do Governo Luiz Rocha.
É claro que entre ganhar força política e partidária com o lançamento da candidatura e se turbinar eleitoralmente para entrar na briga de igual há uma distância gigantesca a ser vencida. Atualmente, nove entre dez observadores da cena política maranhense enxergam o governador Flávio Dino como franco favorito na disputa, incluindo a ex-governadora Roseana Sarney. Mas, se a última pesquisa Escutec for tecnicamente correta e politicamente honesta, o senador Roberto Rocha entra na corrida com 9,1% das intenções de voto, um cacife nada desprezível para quem entra como terceira opção entre dois gigantes da política maranhense na atualidade.
Ribamar Correia
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