A se confirmarem as informações reveladas , pelo sítio de O Globo na internet, envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB) e que chocaram o País, o Brasil mergulhará num período de dias, semanas e até meses de instabilidade política e institucional profunda e sem precedentes desde a queda da ditadura em 1985, mesmo levando em conta a deposição, por impeachment, dos presidentes Fernando Collor de Mello (1991) e Dilma Rousseff (2016). A revelação de que o presidente Michel Temer avalizou e incentivou um esquema armado pelo dono do Grupo JBS, Joesley Batista, para manter calado o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), o deixou sem condições morais, éticas e políticas de permanecer no comando do País, sendo sua renúncia ou deposição apenas uma questão de tempo. Na avaliação dos próprios membros do Congresso e de analistas, Michel Temer perdeu as condições de governabilidade e já não conta com uma base de sustentação política. O agravamento da crise terá desdobramentos políticos em todo o País, inclusive no Maranhão.
A revelação bombástica, que pode mandar o presidente Michel Temer vestir o pijama, muda todo o cenário político que estava sendo lenta e cuidadosamente construído visando às eleições gerais de 2018. A ideia central era Michel Temer comandar a retomada do crescimento e aprovar reformas, credenciando-se para ser, no mínimo, condutor e fiador de uma aliança cujo candidato derrotaria o ex-presidente Lula da Silva (PT). No Maranhão, esse ambicioso projeto político e eleitoral tinha como representante o Grupo Sarney, onde a ex-governadora Roseana Sarney estava sendo convencida a ser candidata do PMDB ao Governo do Estado. Ela inicialmente deu demonstrações de que não estava interessada na candidatura, mas, segundo uma fonte sarneysista, ela começava a dar sinais de que poderia topar enfrentar o governador Flávio Dino (PCdoB) nas urnas, liderando uma chapa que tendo o irmão, deputado Sarney Filho (PV) como candidato a senador.
O quase certo desmoronamento do presidente Michel Temer e seu Governo afeta duramente o projeto do Grupo Sarney. Primeiro porque, além do Governo, a bomba fragiliza o PMDB, e consequentemente, os grupos governistas nos estados. Sem o suporte político do Governo do Estado e do Governo Federal e com o PMDB fragilizado, o Grupo Sarney enfrentará problemas gigantescos para manter-se de pé, e a primeira consequência será o provável recuo de Roseana Sarney. Isso porque a nova crise tira o foco de cima do ex-presidente Lula e das esquerdas em geral, e o desdobramento disso no Maranhão é o fortalecimento do governador Flávio Dino e da sua aliança. Ele que sai da defensiva e ganha munição pesada para partir para o ataque. Nesse cenário, se o horizonte já não era tão favorável ao Grupo Sarney, com a bomba detonada pelo jornal O Globo tal situação se agrava de maneira imensurável e imprevisível.
No contraponto, o governador Flávio Dino ganha uma forte injeção de ânimo, à medida que, se já era viável e tendia a ser vitorioso, segundo todas as pesquisas. Se já era forte e com todas as credenciais para ser vitorioso nas urnas, o projeto do governador se fortalece, principalmente se vier mesmo associado ao projeto político e eleitoral do ex-presidente Lula, como está rascunhado. Flávio Dino será mais favorecido ainda pelo fato de que nunca deu trégua ao Governo de Michel Temer, que para ele é ilegítimo por ser a consequência de um golpe com aparência de legalidade. Agora, o governador e seu grupo terão muito mais munição e autoridade para manter a retórica ácida contra a aliança que está no poder em Brasília.
Claro que é cedo para se previr com alguma segurança o que vem por aí, mas é possível afirmar que o Grupo Sarney pode sair duramente fragilizado desse terremoto que destruiu as bases do Governo Michel Temer e abalou os pilares da República.
Ribamar Correia
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