O senador João Alberto (PMDB) e o deputado federal André Fufuca (PP) são hoje os dois políticos maranhenses mais bem situados no Congresso Nacional, o primeiro como 2º vice-presidente do Senado, e o segundo ocupando cargo equivalente na Mesa Diretora da Câmara Federal. Somados os postos, os dois reafirmam a surpreendente capacidade dos políticos maranhenses de ocupar espaço nos centros de decisão da República. No caso, são representantes de gerações e grupos diferentes, que só têm em comum o fato de que um dia pertenceram ao mesmo lado político no Maranhão, já que no geral estão distanciados e sem a menor possibilidade de ter uma convivência no mesmo quadrado. O senador é um dos políticos mais bem sucedidos da História política recente do Maranhão; o deputado é um rebento da novíssima geração e que desponta no cenário estadual como uma das promessas para cenários futuros. Os dois têm perspectivas diferentes, mas não há dúvidas de que cada um tem um foco no momento: João Alberto está decidindo se encerra a carreira ou continua na planície para travar nova guerra para permanecer no Senado ou entrar na briga pelo Palácio dos Leões; André Fufuca se arma para brigar pela renovação do mandato, pavimentando assim a estrada por meio da qual pretende chegar ao Palácio dos Leões em tempos futuros.
Muito se falou das duas eleições. Em resumo, muitas disseram que o senador João Alberto chegou à 2ª Vice-Presidência do Senado pura e simplesmente por influência do ex-presidente José Sarney, como se não tivesse méritos para, ele próprio, bancar a sua movimentação parlamentar. A respeito da eleição de André Fufuca para a 2ª Vice-Presidência da Câmara, a explicação mais comum foi a de que ele só ascendeu por “pertencer à cota do Eduardo Cunha”, o ex-todo-poderoso deputado presidente da Casa, hoje preso sob pesadas acusações de corrupção. Não dá para ignorar o fato de que José Sarney teve o seu naco de influência na composição da Mesa do Senado, mas é incorreto afirmar que a eleição de João Alberto dependeu exclusivamente disso, minimizando sua capacidade de articulação política. O mesmo se pode em relação à afirmação de que a ascensão de André Fufuca à Mesa da Câmara. A eleição dos dois tem muito do próprio mérito, de decisões partidárias e de influências “externas”, como a de presidentes de partidos, do presidente da República, ministros, etc..
O senador João Alberto é um dos políticos mais próximos de José Sarney, respeitando-o como seu líder e atuando sempre alinhado às posições do ex-presidente. Isso não significa dizer que o senador siga rigorosamente o missal sarneysista. Ao contrário de outros do mesmo grupo, João Alberto construiu sua carreira com movimentação própria, criando e alimentando suas bases de apoio político e eleitoral dentro da sua própria lógica e regras que mantêm até hoje. Foi assim quando deixou cargos no Governo para ser deputado estadual, deputado federal, vice-governador (duas vezes), prefeito (Bacabal, governador e senador. Em quase cinquenta anos disputando mandatos eletivos, só foi derrotado uma única vez, quando disputou a Prefeitura de São Luís, em 1992. Quando governador, atuou com estilo e roteiro próprios, muitas vezes tomando decisões quer incomodaram profundamente a cúpula do sarneysismo. Mais tarde, como senador, atuou alinhado com José Sarney nas questões políticas maiores, mas no mais das vezes exerceu seus mandatos com muita independência. Político sem nódoas, com a integridade intacta e dono de uma coragem extraordinária- comandou uma verdadeira e bem sucedida guerra contra o banditismo no Maranhão, foi apontado com o nome certo para presidir o Conselho de Ética do Senado por cinco mandatos, cargo que deixou agora para assumir a 2ª vice-presidência da Casa.
O novo 2º vice-presidente da Câmara Federal tem uma trajetória ainda em construção, mas sua origem é bem diferente. Filho de Fufuca Dantas, que atualmente exerce pela quarta vez o mandato de prefeito de Alto Alegre do Pindaré, André Fufuca nasceu numa espécie de berço de ouro político. Seu primeiro mandato foi na Assembleia Legislativa, onde desembarcou como a nova geração dos Dantas, destinado, portanto, a fazer carreira. E não decepcionou, pois seguiu para a Câmara Federal, onde na falta de líderes e orientadores confiáveis, se aproximou do poderoso presidente Eduardo Cunha, que o admitiu no seu círculo mais próximo. E o resultado veio em seguida: ainda cristão novo na Câmara Baixa, foi alçado à presidência da CPI da Prótese, ganhando visibilidade. O passo seguinte foi deixar o PEN e se filiar ao PP, assumindo o comando do partido no Maranhão com os tropeços do Waldir Maranhão. Cada vez mais traquejado na arte da articulação, André Fufuca ganhou espaço na bancada, sendo hoje um dos seus principais integrantes. Não fosse a sua desenvoltura, não teria chegado à 2ª vice-presidência da Câmara Federal.
Se vier a arquivar o anunciado projeto de aposentadoria, o senador João Alberto estará se preparando para o seu último embate nas urnas, que pode ser a reeleição ou a tentativa de morar mais uma vez no Palácio dos Leões. O deputado federal André Fufuca caminha para a reeleição, ampliando o largo horizonte que tem pela frente.
Ribamar Correia
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